quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Roteiro mostra o melhor dos vinhos que são produzidos em Portugal.

Os repórteres Luiz Paulo Mesquita e Sandra Moreyra foram até Portugal conhecer as terras que produzem os vinhos consumidos no Brasil.

País pequeno, espremido na pontinha da Península Ibérica, Portugal foi povoado por romanos, bárbaros, mouros e judeus. Cada um trouxe uma cultura diferente para formar um dos povos mais misturados de toda a Europa. Talvez pela geografia, talvez pela mistura das gentes, esse país sempre teve o mar como destino.
Reis da navegação, os lusitanos foram para todos os cantos do mundo. Mas há um Portugal que não partiu. Há uma gente que ficou para cultivar em cada pedaço dessa pequena terra videiras, oliveiras e sobreiros. É neste Portugal que permaneceu e começa a viagem por um mundo de sabores e perfumes. Começa em Lisboa, na tradicional Praça do Comércio, onde há um espaço criado para aulas e exposições sobre o vinho e as uvas portuguesas.
Se no mundo inteiro há centenas de castas ou tipos de uva – em torno de 1,6 mil – Portugal tem 250. Cem delas são próprias para o vinho. O que distingue Portugal nesse mundo de tantos vinhos?
“Nossa diversidade tem qualidade. Pode ser um pouco confusa no início, mas se abrirem as portas ao nosso vinho vão descobrir coisas muito boas com qualidade e que é muito diferente do resto”, afirma a enóloga Martha Galamba.
Em Quinta das Lágrimas, Coimbra, o amor e a história deram origem a um vinho. Lá foi assassinada Inês de Castro, a aia que se apaixonou pelo rei Pedro I, um ancestral do nosso Dom Pedro I, que em Portugal era Pedro IV. O Pedro I deles desafiou a corte portuguesa da Idade Média e se casou com Inês.
Os nobres mandaram jogar a jovem em um poço. Quando Pedro descobriu, mandou vestir e coroar a rainha morta. Fez toda a corte beijar as mãos dela. O vinho feito nos dias de hoje celebra o amor que a morte não separou.
No caminho, estão os vinhos e as vinhas que nascem nas encostas pedregosas do Rio Douro. São as primeiras terras demarcadas de vinhos do mundo, desde 1756. Nesse local, se faz o que eles chamam de “vinhos capitosos”, ou seja, que têm a força da terra.
No Douro, as estradas cheias de curvas fechadas e subidas íngremes são o que os portugueses chamam de alcatroadas. Pois nessa terra de vinhos capitosos e estradas alcatroadas, as quintas e mansões produzem e celebram grandes vinhos.
“Não é fácil trabalhar aqui. O terreno é muito inclinado, e muitas vinhas não são organizadas. Tem de fazer muitos trabalhos à mão, é um trabalho artesanal”, explica o enólogo Francisco Olazabal.
Nossa Senhora das Uvas abençoa a antiga quinta da família Cálem, no Pinhão. Antigamente, os lagares ou tanques de pedra não tinham controle de temperatura. Agora cintas metálicas controlam todo o calor da fermentação. Um equipamento robô faz o que antigamente era feito pelos camponeses: pisar as uvas sem deixar quebrar as sementes que amargam o vinho.
Essa região, que produz vinho há mais 300 anos, descobriu que a tecnologia não substitui a tradição. Pelo contrário: elas são aliadas para produzir vinhos cada vez melhores. O Douro continua surpreendendo o mundo.
Os caminhos dos vinhos portugueses continuam no Bom Dia Brasil com os desafios da produção e do mercado internacional

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