Chateau Climens - Exemplo de um grande vinho doce.
Existem várias maneiras dos produtores fazerem vinhos doces ou de sobremesas, porém, os melhores são aqueles em que o açúcar provém da própria uva. Seja porque são feitos de uvas ultra-maduras (colheita tardia ou "Late Harvest" no Novo Mundo), secas (os Reciotto na Itália e o vin de Paille na França), congeladas na videira (Eiswein na Alemanha e Áustria e o Ice Wine no Canadá) e dos maravilhosos néctares obtidos da podridão nobre ("good botrytis" em inglês, "pourriture noble" em francês, "edeliäule" em alemão e "muffa" em italiano), em que as uvas maduras de algumas regiões (Sauternes, Montbazillac, Loire e Alsácia na França; Tokaji na Hungria; Alemanha; Áustria e Itália) são atacadas por um fungo - Botrytis Cinerea, sob condições climáticas adequadas (manhãs com névoas e tardes secas e quentes).
Outros clássicos vinhos doces são os: Porto e Madeira- portugueses, Málaga espanhol e o Marsala italiano (veja fortificados). Na França, essa mesma técnica (adição de álcool) é utilizada para se fazer o "vin doux naturels", como o Muscat de Beaumes-de-Venise (o mais interessante), Muscat de Riversaltes, Maury e o Banyuls (famoso por se dizer que é o melhor que "casa" com chocolate). No Jerez e o Montilla doces, a adição de álcool se dá após a fermentação completa, sendo adocicado pela adição de um concentrado de xarope de uva.
Vinhos Botritizados
Um fantástico Tokaji feito com uvas botritizadas.
Ricos, suculentos, luxuriantes, voluptuosos, doces, viscosos, surpreendentemente refrescantes, longevos são alguns dos predicados que normalmente se utilizam quando se degustam um Sauternes (nem todos são atacados pela Botrytis), um Beerenauslese e Trockenbeerenauslese alemães e austríacos, um Tokaji húngaro e um Sélection de Grains Nobles alsaciano, dentre os maiores. Alguns vinhos do Novo Mundo são botritizados de uma maneira "artificial", pulverizando as uvas colhidas com esporos de Botrytis em um local, em que se tenta simular as condições ideais do processo da botritização. A botritização natural se dá de modo que as uvas maduras nas parreiras se mostram secas, com alto teor de açúcar e complexidade, obtendo vinhos doces com uma untuosidade ímpar e perfeita acidez para contrapor a maciez (álcool e doçura).
Late Harvest
Moscatel de Alejandria - Um chileno feito com uvas muito maduras.
Como o próprio nome diz: colheita tardia. O produtor, não podendo contar com a Botrytis, retarda propositalmente a colheita até que as uvas se mostrem muito maduras, portanto, com alta concentração de açúcares. É a maneira mais utilizada pelo Novo Mundo para produzir vinhos doces.
Ice Wine ou Eiswein
Em algumas regiões do mundo (Alemanha, Áustria e Canadá), propositalmente, deixam-se as uvas congelarem nos cachos e, colhidas na época certa, são prensadas antes do degelo (colhidas na madrugada, antes de o sol aparecer). O resultado é um caldo doce, com muito boa acidez e baixo teor alcoólico. A água permanece na prensa, sob forma de cristais. Esses vinhos, obtidos por congelação natural devido ao clima da região, assim como os botritizados, são raros e caros. Em alguns lugares, pode utilizar-se de uma "máquina" para produzir congelamento artificial na feitura de vinhos tipo Eiswein ou Ice Wine.
Anselmann Riesling Eiswein - O ice wine alemão.
Outro método
O precioso Vin de Paille.
Outra maneira de se fazer vinho doce é deliberadamente espalhar as uvas colhidas em tabuleiros, telinhas ou pendurá-las para secar. Esse é outro método em que se concentra doçura nas uvas, pela perda da umidade (água), por evaporação, fazendo-as ficarem secas. O nordeste da Itália, Áustria e França (Vin de Paille), são os locais em que esse processo pode ocorrer.
Gerson Lopes
fonte:
http://www.vinhoesexualidade.com.br
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