segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Feijão com vinho A combinação pode parecer estranha, mas cai bem



O vinho virou moda. E, para quem pensa que a bebida só combina com queijos e outras iguarias finas, um aviso: é preciso experimentar. O sommelier Carlos Cabral, fundador da Sociedade Brasileira de Amigos do Vinho, garante que o vinho, principalmente o espumante, combina muito bem com os pratos pesados da culinária nacional, como feijoada, tutu e baião de dois. 

Cabral é defensor da popularização do vinho e abomina o medo que as pessoas têm de errar na escolha da bebida. "Além de conseguir distinguir os gostos da comida e da bebida, a acidez do espumante atua como um ótimo digestivo", explica ele, que questiona o apego das pessoas a regras de etiqueta quando o assunto é vinho. Ele diz que as regras tradicionais são apenas sugestões e que cada um tem a liberdade de afirmar os próprios gostos, em qualquer classe social. "O hábito das pessoas olharem de cara feia para quem não segue a etiqueta não existe mais como era antes. Hoje, considera-se que essas normas sociais rígidas serviam, principalmente, para reafirmar relações de poder e exibir cultura", acredita. 

Se, teoricamente, as regras foram abolidas, restam ainda recomendações que estão associadas ao bom-senso na hora de consumir. O sommerlier explica que os hábitos antigos servem apenas para lembrar da importância de se sentir o gosto das coisas."Recomenda-se comidas equivalentes para equilibrar o paladar", explica. Por exemplo, ao comer um queijo forte, como o gorgonzola, com vinho branco, que é mais leve, fica difícil apreender o gosto da bebida. O mesmo acontece com o peixe, uma comida leve, quando acompanhado de vinho tinto mais encorpado. 

Dentro das sugestões, está também o resfriamento do vinho, na temperatura entre 23 e 24 graus, cerca de meia hora antes do consumo, para deixá-lo levemente gelado, ao ponto de refrescar a garganta. "Ainda assim, conheço pessoas que não bebem gelado, por cuidados com a saúde", lembra. 

Apesar dessas recomendações, sabe-se que a tradição brasileira nunca se preocupou muito em combinar a temperatura e a leveza dos alimentos e das bebidas. "A maioria dos nossos pratos típicos é pesada e contrasta com o clima quente do país", lembra o especialista. Além disso, por razões econômicas, a maioria da população nunca pôde consumir freqüentemente bebidas fermentadas – apenas os destilados, como a cachaça, que não estimulam tanto o apetite. 

Para quem não tem o hábito, nunca é tarde para pensar no prazer de degustar a bebida. "Apesar das safras melhores serem mais caras, não é preciso pagar muito para apreciar um bom vinho", lembra Carlos Cabral. "Defendo o vinho com pratos brasileiros em lugar da tradicional cerveja pois, além de refrescar, a acidez ajuda a digestão de pratos pesados, enquanto a feijoada ou a macaxeira com cerveja provoca a sensação de estufa", completa.



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